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terça-feira, 1 de abril de 2014

“Moda é cultura”, defende estilista Ronaldo Fraga


“Quando a inspiração para uma coleção é a literatura tudo fica mais fácil, pois você é o dono da imagem.”

“Em muitos países a moda já é entendida como cultura. Ela faz parte dos novos vetores de cultura, como a arquitetura, a gastronomia e o design gráfico. (...) Existe uma ignorância e um preconceito contra o setor [da moda]. É um vetor que emprega? Sim, como todos os da cultura. Que movimenta dinheiro? Sim, como o cinema. Mas é sem dúvida um vetor cultural. Muito da memória e da cultura de um país é entendida pela forma como as pessoas moram, comem e vestem em determinada época.”

“A cultura de moda no Brasil está adolescendo. Já temos uma identidade de moda. O estrangeiro bate o olho na nossa roupa e sabe que é brasileira. Vivemos tempos adversos, nossa indústria têxtil padece com concorrência desleal que vem de fora, mas somos resistentes, somos otimistas só de raiva.”

“[A crise da indústria têxtil brasileira é] muito triste, perdemos grandes tecelagens, uma geração de empregos, de renda, de retorno econômico. E perdemos parte da cultura brasileira. No século XX, o Brasil tinha o poder da indústria têxtil, perder isso foi um pecado. Mas também é um setor que não tem articulação política alguma, estamos aprendendo.”

“Faço tudo no Brasil. Minha estrutura é pequena. Já foi maior, mas tive que diminuir justamente para sobreviver. No Brasil, ou você é pequeno ou gigante. Quando comecei a fazer coleção infantil, por exemplo, tive que escolher entre ela e a masculina. Por isso, hoje, o masculino é um coadjuvante na loja, mas não vai mais para desfiles.”

“Só tem uma coisa que me move, que se eu não fosse estilista eu continuaria a perseguir: meu amor pela cultura brasileira. O primeiro contato que eu tive com a moda foi lendo. Eu lia muita literatura política e, em um livro do Zuenir Ventura, li sobre a Zuzu Angel. Uma figura marcante na moda e na política. Nunca pensei que com a moda você pudesse falar outras coisas que não fosse a roupa, a estação. Por isso, minha cartilha sempre foi essa, fazer a moda como um vetor cultural.”

“Eu digo que a moda está louca para se libertar da roupa. E ela faz isso quando estabelece diálogo com outras frentes. Colocar seu estilo ao serviço da indústria é fascinante. Essas parcerias colocam a moda no lugar dela, que é a contemporaneidade, o cotidiano. Agora fiz uma parceria com uma marca de cosméticos masculina francesa. Por enquanto ainda não posso dar mais detalhes.”

Ronaldo Fraga, estilista brasileiro, em entrevista à edição online da revista “Veja”, 31-03-2014 :: Entrevista integral no link: http://abr.ai/1mGrnMx.

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