O açoriano foi pioneiro ao tornar-se no designer português
mais bem colocado na indústria da moda parisiense. A Lacoste anuncia que a
próxima colecção será desenhada pelo estúdio da marca.
Depois de oito anos de trabalho, a Lacoste vai deixar de ter
o designer de moda português Felipe Oliveira Baptista como seu director
criativo. O anúncio foi feito esta quarta-feira pela Lacoste, a conhecida marca
desportiva que quererá regressar precisamente a essa sua tradição – é o fim de
um capítulo de uma história que tornou o açoriano Felipe Oliveira Baptista no
mais bem colocado português na indústria da moda parisiense e, por isso, do
mundo. Os motivos da saída não são detalhados pela marca.
Em Agosto de 2010, quando foi anunciado o seu nome como
director criativo da marca do crocodilo, a Lacoste queria ser precisamente mais
do que isso – mais do que uma linha de vestuário identificada pelos seus pólos
coloridos com o seu logótipo inconfundível, queria uma “nova
interpretação" dos seus valores. No mesmo ano, e nos seguintes em que as
colecções de Felipe Oliveira Baptista para a marca fundada por René Lacoste
agradavam à crítica e renovavam a imagem da marca, a moda portuguesa ainda não
tinha nomes como Marta Marques e Paulo Almeida, os Marques’Almeida que vestem
Rihanna, a dar cartas na cena internacional. Nem modelos como Luís Borges ou Sara
Sampaio a serem o rosto de um dado momento do sector, rostos portugueses mas
sempre internacionais.
A Lacoste de Felipe Oliveira Baptista apresentava-se, então,
não em Paris mas em Nova Iorque, semana de moda mais comercial e ecléctica do
que a artística e refinada congénere parisiense, mas nas últimas estações
tinha-se já reinstalado na capital francesa. Durante o seu trabalho com a
Lacoste, Oliveira Baptista suspendeu mesmo a sua marca em nome próprio em 2013,
que apresentou durante muitos anos na capital francesa, na Semana de
Alta-Costura e depois na Semana de Pronto-a-Vestir. A sua visibilidade foi
simultânea com a realização da primeira exposição a ele dedicada em Portugal,
em Outubro de 2012, no Museu do Design e da Moda (Mude), em Lisboa, à época a
mais vista de sempre do museu.
Agora, Thierry Guibert, presidente da Lacoste desde 2015,
enviou um comunicado em que acrescenta mais um nome ao frenesim de
transferências do sector nos últimos meses, agradecendo ao açoriano por ter
“escrito um capítulo-chave na história da Lacoste” e, segundo o jornal
especializado norte-americano Women’s Wear Daily, frisando a vontade de voltar
a focar a marca no seu lado desportivo. Este ano, a Lacoste cumpre o seu 85.º
aniversário e Guibert tinha já admitido que teve de dar “um rumo claro” à marca
quando chegou, considerando que a encontrou demasiado fashion e pouco
desportiva. Nos últimos anos, as colaborações com outras marcas, como a
Supreme, ou os embaixadores ligados à cultura popular como Lily Allen, marcaram
a Lacoste.
Fonte: Público