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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Botões da Louropel na moda internacional


Ralph Lauren, Armani, Valentino, Kenzo e Massimo Dutti são algumas das marcas de moda mais conhecidas a nível internacional. Mas o que é que casas de alta-costura terão que ver com uma fábrica situada numa pequena freguesia do município de Vila Nova de Famalicão? A resposta é: botões. Sim, mais de 10 milhões de botões são produzidos pela Louropel, diariamente, o que torna a empresa a maior produtora do mundo nesta área, líder incontestável de mercado. O Portal Ver Portugal esteve à conversa com Avelino Rego, administrador da fábrica de botões, que explicou como é que uma empresa totalmente nacional consegue abotoar o mundo.

VER PORTUGAL – Como é que surgiu a Louropel? Quando é que a empresa iniciou a sua actividade?
AVELINO REGO – A Louropel – Fábrica de Botões, Lda. iniciou a sua atividade em 1966 como empresa em nome individual do seu sócio fundador, Sr. Carlos Alberto da Silva Rego, tendo-se dedicado desde sempre à produção e comercialização de botões. A empresa utilizava então uma tecnologia considerada inovadora para a época, que consistia na fabricação de botões a partir de polyester, cujo "know-how" o Sr. Carlos Rego já conhecia e dominava claramente.

VER PORTUGAL – Os produtos que produziam em 1966 são os mesmos que os que produzem hoje? O que é que mudou?
AVELINO REGO – Obviamente que não! Os botões estão intimamente ligados ao mundo da moda, e como é do conhecimento de todos, o vestuário vai sofrendo constantes e visíveis alterações a todos os níveis, desde os tecidos, padrões, cores, modelos, etc. Por isso, a Louropel tem também a necessidade de inovar e atualizar os seus produtos. As preocupações a nível ambiental também fizeram com que houvessem alterações no fabrico dos botões pois o mercado consome hoje, em grande escala, botões produzidos através de tecnologias mais limpas e com a incorporação de produtos naturais (papel reciclado, serradura de madeira, corozo, algodão, etc.), daí resultando os denominados botões ecológicos biodegradáveis – produtos inovadores, para os quais a empresa dispõe de tecnologia patenteada única no mundo. Além do mais, o processo de fabrico destes botões promove a reciclagem e posterior recuperação dos resíduos sólidos resultantes dos outros processos implementados, que são depois incorporados no produto final pelo que se revela uma tecnologia amiga do ambiente. O facto da Louropel estar atualmente dotada de tecnologia inovadora e de recursos humanos cada vez mais qualificados faz com que os seus produtos tenham uma qualidade superior.

VER PORTUGAL – A Louropel foi reconhecida como a maior empresa industrial produtora de botões do mundo. Quantas unidades produzem diariamente?
AVELINO REGO – A nossa produção diária varia entre os nove e os 12 milhões de botões.

VER PORTUGAL – De há uns anos para cá decidiram dedicar-se mais à exportação. Com que países é que trabalham?
AVELINO REGO – A necessidade de expandir e escoar material fez com que entrássemos no mercado da exportação e neste momento já exportamos para praticamente todo o mundo. Em maior percentagem exportamos para os EUA e países da Europa e Ásia, mas também Austrália, Brasil e Marrocos.

VER PORTUGAL – Em dez anos conseguiram trocar o mercado interno pelo externo. Que investimento é que tiveram de realizar para conseguirem redirecionar o negócio para o estrangeiro?
AVELINO REGO – A Louropel definiu a sua estratégia de médio longo prazo e tomou as medidas para atingir os objetivos. A empresa com um posicionamento forte no mercado nacional e um “know-how” de elevado valor, iniciou o processo de internacionalização por via das exportações para alguns países, depois alargou os mercados com um forte investimento na captação de novos clientes e na prospeção de novos mercados, tendo também deslocalizado a sua área comercial para alguns mercados. Ao contrário de deslocalizar a produção como a maioria das vezes acontece, apenas criou centros avançados de logística e distribuição, em países estratégicos, para a partir do interior desses países conquistar o reconhecimento da empresa e da marca sediada em Portugal. Os nossos botões são maioritariamente direcionados ao segmento de gama alta da moda internacional pelo que apresentam, naturalmente, e em função do respetivo processo de fabrico, preços mais elevados que os dos botões tradicionais. Como referência de grandes casas da moda internacional que são clientes da Louropel sublinho marcas como Ralph Lauren, Armani, Valentino, Kenzo e Massimo Dutti.

VER PORTUGAL – Obtiveram algum apoio por parte de órgãos estatais portugueses ou europeus?
AVELINO REGO – A empresa apresentou candidaturas no âmbito dos Fundos de Coesão, a diferentes programas, com o apoio do IAPMEI e do AICEP. E todas estas candidaturas foram realizadas com sucesso.

VER PORTUGAL – A Louropel é também reconhecida pela sua preocupação ambiental. De que forma é que são uma empresa amiga do ambiente?
AVELINO REGO – Sempre pugnamos por manter uma atitude responsável perante o ambiente nas suas várias vertentes ou dimensões. Desde logo, pela minimização do impacte que a nossa atividade industrial potencialmente provoca. A inserção da empresa num meio eminentemente rural foi desde sempre um fator de uma exigência ambiental enorme o que levou a que cedo incorporássemos boas práticas ambientais no modo de funcionamento. Estas boas práticas foram complementadas ao longo dos anos com investimentos em tecnologias de fabrico modernas e de redução da poluição, como por exemplo de águas residuais industriais e resíduos e que garantem à empresa um desempenho ambiental que rivaliza com qualquer congénere europeia. Embora importante, esta vertente é de algum modo assumida como controlada pelo que o nosso enfoque atual deriva para aspetos ambientais mais globais que podemos influenciar, ou seja, para a fabricação de botões que incorporem produtos naturais, por contraposição ao botão tradicional de poliéster, nylon e zamak. A preocupação com o ciclo de vida do botão desde a origem ou fabrico até ao fim do seu uso não é para nós um tema novo. Somos detentores desde há alguns anos de várias patentes de fabrico de botões com produtos naturais, pelo que temos vindo a efetuar um enorme esforço de introdução destes produtos no mercado, o que não é fácil se atendermos que estamos inseridos no mercado da moda, em que os grandes estilistas é que definem o que vai ser usado. É uma batalha que está a dar os seu frutos e para a qual toda a organização está bastante empenhada.

VER PORTUGAL – Acha que os portugueses imaginam que a Louropel é a maior produtora de botões ao nível mundial? Porquê?
AVELINO REGO – Não nos parece. Desde logo pela descrença típica portuguesa de que somos capazes de ser líderes em qualquer coisa, principalmente em algo como a produção de botões que tem tanto de tecnologia como “know-how” humano associado. Por outro lado, porque, de facto, não nos vangloriarmos disso. Bem ou mal nunca foi política da empresa fazer grande alarido da situação. A focalização na satisfação do cliente e na procura incessante de novas soluções e produtos para os fidelizar não deixa de facto muito tempo livre para dispersar com questões que, embora importantes, são acessórias ao negócio, principalmente numa empresa de gestão familiar como a Louropel.

VER PORTUGAL – Sentem falta de apoio no nosso país? Já pensaram, apesar de se tratar de uma empresa com tradição familiar, em sair de Portugal?
AVELINO REGO – Como é óbvio e como qualquer organização, avaliamos permanentemente as melhores soluções para a sustentabilidade do nosso negócio, mais ainda no momento de crise actual, pelo que, sim, é uma questão que embora não esteja em cima da mesa já equacionámos. A vivência na periferia da Europa não é fácil para uma empresa com a dimensão da Louropel.

[Entrevista publicada no Portal Ver Portugal, 26-11-2013 :: Ver aqui: http://bit.ly/1eGFpHJ]

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